Pular para o conteúdo principal

Reparando as pessoas dentro do ônibus!


Estava indo para a faculdade e entrei no ônibus. Eram 18h25min horas, e como está no horário de verão, o sol invadia todo o interior do veículo. Estava vazio, apenas alguns estudantes e pessoas que estavam saindo do trabalho. Tentei me concentrar em um livro, mas logo entrou um moço, um senhor na verdade, com um pança grande e um bigode enorme! Não pude não reparar naquilo! Aparentemente bem-vestido, com óculos redondos e um crachá pendurado no pescoço! Ele sentou no lado oposto de onde eu estava sentada, e pude observar os detalhes... 
O bigode era tão grande que não dava para ver nem mesmo o lábil inferior da boca, tinha um aspecto grosseiro e grisalho. Ele não tinha barba, somente o bigode. Pude reparar também, em seu cabelo ralo e fino, e grande por sinal, precisava aparar um pouco! Ele era calvo e tinha cabelo de palhaço. 
-Senhor, será que eu poderia aparar o seu bigode? Ele está muito grande, creio que suja ao comer e beber, e se o senhor costuma beijar alguém, isso deve ser uma tarefa bem difícil... 
Apenas pensei. 
O ônibus começou á encher! Algumas pessoas em pé, e duas moças de cabelos ao vento perto da janela no espaço reservado á deficientes de cadeira de rodas. Lembrei da minha cadelinha que ama ficar com a cabeça para fora da janela. Logo, entrou uma moça grávida. Pensei por que ela não sentou no assento reservado na parte da frente do ônibus... já olhei aonde eu estava sentada... ufa! Bem, ela desceu na próxima parada! 
Uma senhora de cabelo de cogumelo grisalho entrou e andou no corredor. Ela certamente tinha feito Botox nos lábios e na testa. Um rapaz gordinho, quer dizer, gordo, ele era enorme e tinha uma mochila nas costas, entrou e procurou um lugar para sentar! Imagino que ele reparou as pessoas que ele poderia sentar ao lado, certamente se iria cabê-lo. Ele sentou em minha frente, ao lado da Olívia palito com cabelo de “miojo” (macarrão instantâneo). Ele estava suado, e ouvia música alta, pude ouvir o som dos Guns n'Roses - Patience. 
-Olha o chiclete de menta, morango e hortelã! Temos amendoim, bala Halls e Trindent, tudo por apenas R$ 1,00, se não puder comprar, eu aceito uma ajudinha de qualquer quantia!
Fiquei pensando sobre o que elas estariam pensando naquele momento! Em um namorado, no filho, no seu rendimento no trabalho, na prova da faculdade nesse dia, no jantar que iria fazer, no jogo de futebol que iria assistir...

Quantas pessoas diferentes. Algum liam, outras ouviam música, uns olhavam pela janela, outros tentavam se segurar dentro do ônibus... E que calor! 

Susanne de Andrade

Comentários

As mais visitadas

Pra aonde ela foi?

  É estranho ás vezes sentir saudade da menina ingênua que morreu aos 30 É estranho sentir vergonha de como ela era e se portava É estranho ver toda aquela magreza e rosto que só se via dentes É estranho ver como ela se explicava e justificava. É estranho sentir alegria e pena dela É estranho saber que a vida dela iria mudar para sempre É estranho que ela pensava que estava dando a volta por cima É estranho saber que ela sorria para fotos e chorava escondida. É estranho sentir também repulsa É estranho saber que dentro dela também existia uma luta É estranho como ela ajudava quem precisava de cura É estranho saber que era ela quem precisava de ajuda. É estranho tentar resgatar um pouco dela e não conseguir É estranho não saber usar o lado bom que ela fazia sorrir É estranho querer matar quem nasceu depois dela É estranho lembrar que ela precisa esquecer ela. É estranho sentir raiva de quem ela se tornou É estranho saber que alguém a ama e ela se sente um horror É estranho os quilos...

Inquitude

  Mais uma vez aquele momento da vida: tomar decisões. Isso me tira o sono e me deixa em um grau de ansiedade muita das vezes, sufocante. De fato, para mim, tomar decisões nunca foi uma tarefa fácil, pois nunca saberei de fato qual será a consequência decorrente da determinada escolha feita. Acredito que o medo do fracasso ou do sentimento de escolha errada, revela essa angústia. Ah, mas coloque nas mãos de Deus... Se fosse algo simples, no qual eu depositasse todas as minhas aflições e acordasse com as respostas estampadas em meu nariz no dia seguinte... Oportunidades. Elas vêm e vão. Oportunidades. Buscamos e rejeitamos. Escolhas. Escolher querer ou escolher deixar passar? As decisões tomadas podem nos colocar em rumos completamente diferentes no qual estamos no estado presente, e na inquietude do tique-taque do relógio mental, reforça a voz que na cabeça assola e grita e apressa e chora, atormenta, desola, apavora. Ok, mas e agora? Brasil, 28 de julho de 2024.